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O achado desse navio revelou peças numismáticas inéditas e até então desconhecidas dos numismatas.
A permanência holandesa no Brasil, a cada dia se tornava mais insustentável, a ponto das tropas remanescentes da Companhia das Índias Ocidentais praticarem pirataria aos navios que passavam nas costas do nordeste brasileiro. Estavam sitiados, e a condição de penúria se agravava. Do livro "História das lutas com os holandeses no Brasil", o autor Francisco Adolfo Varnhagen descreve a situação vivida pelos holandeses nessa época:
"Depois da derrota que levara nos Guararapes, o intruso holandês nada ousava empreender por terra. Apenas em maio, havia feito reconhecimento do forte Altená, e depois do outro lado da barreta, para conseguir algum prisioneiro do qual pudesse ter notícia do que se passava no acampamento contrário. Pôr mar porém os seus brios se redobravam, agredindo quanto podia, e isso apesar da falta de inteligência entre os membros do Conselho e o vice-almirante Witte Cornelis de With. Com uma esquadra de nove barcos de guerra, além de vários de menor tamanho, o vice-almirante, a partir do mês de maio em diante conseguiu capturar muitas presas. Em princípios de dezembro de 1648, Witte de With foi encontrar-se com alguns navios, pertencentes à esquadra do conde de Castel-Melor, e conseguiu tomar um barco inglês guarnecido por vinte e nove canhões, além de outro menor, e uma galeota identificada por São Bartholomeu. Uma fragata portuguêsa, chamada Nossa Senhora do Rosário, sustentou contra duas inimigas, o galeão Utrecht comandado pelo capitão Jacob Pouwelz Cort e o galeão Gissiling um violento combate, e quando essas julgavam por vencidas a atacara, dando-lhe a abordagem, foram todas as três a pique, em virtude da explosão provocada no paiol do Nossa Senhora do Rosário pelo capitão português, que preferiu ir ao fundo com seus inimigos, a deixar-se aprisionar pelos mesmos"
Outras referências informam que o yacht Gijsselingh não se envolveu na batalha de Todos os Santos, ocorrida em 28 de setembro de 1648.
O navio Utrecht afundou na entrada Bahia de Todos os Santos, na altura da Barra do Porte e da Barra Grande, próximo à Ilha de Itaparica, e foi "achado" em 1981, conforme relato publicado pelo grande estudioso numismata, Sr. Kurt Prober, no boletim da Sociedade Numismática Brasileira de outubro de 1983. A quantidade de moedas obsidionais achadas no galeão Utrecht não são precisas, uma vez que na divisão oficial, que a moda do Quinto Colonial é de 20% para o governo e 80% para os "descobridores", o Museu da Marinha Brasileira recebeu duas moedas, uma moeda de III Florins de 1645 e outra de III Florins de 1646, o que poderia se supor que foram encontradas 10 moedas, porém, o que se observou, através de leilões especializados, é que a história é bem diferente, uma vez que essa quantidade já foi superada. De qualquer forma, não há como contestar o alto grau de raridade que essas moedas possuem, pois diante dos fatos apresentados, até então, acredita-se que o número total de moedas existentes, nos três valores, não ultrapassa a marca de cem unidades.
AS CARACTERÍSTICAS DAS MOEDAS OBSIDIONAIS
A cunhagem das moedas obsidionais brasileiras foram realizadas com as seguintes características:
=> A abertura dos cunhos e a respectiva cunhagem ficou sob a responsabilidade de Joan Hendrich Bruynsvelt.;
=> Foram definidos os valores de XII, VI e III florins;
=> Forma retangular - era comum o uso de discos retangulares nas moedas obsidionais emitidos pelos Países baixos;
=> Peso: XII florins ( 7,72 a 7,57 g ), VI Florins ( 3,86 a 3,79 g ) e III Florins ( 1,93 a 1,90 g );
=> Data de 1645 e 1646;
=> O título das moedas é em média 918 milésimos, com possível liga de prata e cobre;
=> Os retângulos do metal foram obtidos por cortes de tesoura sem muitos cuidados, por esse motivo seus lados não são paralelos e alguns têm os cantos arredondados ou limados, provavelmente realizados para ajustar o peso dos discos (os holandeses não possuíam cilindros laminadores e nem tão pouco equipamentos adequados para uma cunhagem perfeita;
=> A aplicação dos cunhos foi feita a martelo (apesar de que desde 1547 os italianos já haviam inventado as prensas de parafuso, já usadas na Europa). Alguns exemplares não são perfeitamente nítidos, havendo com freqüência o deslocamento dos cunhos;
=> As dimensões são bem variadas para peças de mesmo valor, o mesmo é verificado quanto à espessura, uma vez que o mais importante era o peso real e não o tamanho ou espessura.
Fonte: http://www.angelinicoins.com/Hist/Brasil/Holandesa.html
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