A emissão de 1654
No próprio dia da capitulação e entrega do Recife, 26 de janeiro de 1654, a ata da reunião do Alto Governo deixou registrado:
“O Coletor-geral Jacob Alrichs, tendo exposto que a caixa estava totalmente desprovida de dinheiro e que nem mesmo as dívidas mais pequenas podiam ser pagas, posse em deliberação se não podiam ser cunhadas algumas moedas de prata em obras, com as quais se atendesse a essa emergência [extremiteit] e mais tarde fossem recolhidas. Para isso os Senhores Schonenborch e Haccxs ofereceram-se para entregar a pouca prata da baixela de suas casas, no que não tiveram seguidores. Entretanto, para começar, foram tomadas pelo Coletor-geral, a qual deverá ser entregue ao Sr. Henrik Brunsvelt, que com ela cunhará moedas quadradas, a saber:
uma moeda de 8 engels [= 12gr30 a 12g35] que valerá 2 florins; uma moeda de 4 engels [= 6gr15 a 6g17] que valerá 1 florim; uma moeda de 2 engels [= 3gr07 a 3g08] que valerá 10 stuivers3.”(op. cit. p. 219).
Na ata de 31 de janeiro de 1654, consta que o Mestre de Campo General Francisco Barreto de Menezes mandou suspender os trabalhos, tendo a cunhagem durado apenas seis dias.
Como vimos, os valores autorizados, pela ata, eram 2, 1 e ½ florim, isto é, correspondentes a 40, 20 e 10 stuivers ou soldos (sistema decimal).
O fato é que, contrariando a ata, o valor que sempre foi considerado como efetivamente cunhado é o de XII stuivers (sistema duodecimal) ou mesmo florins, já que não se tem certeza se o que se quis fazer foi mesmo uma moeda de 12 stuivers, ou peças com um valor apenas representativo do 12 florins de ouro, para que depois pudessem ser resgatadas.
Como disse Kurt Prober, durante pelo menos 200 anos só se conhecia um único nominal das moedas de 1654 que era o de XII, ilustrado por Julius Meili n° 5, pesando 5 gramas, peça da qual se conheciam 2 ou 3 exemplares, todos batidos com o mesmo cunho.
Disse mais: essa tranqüilidade manteve-se até 1870, quando do aparecimento do “Catalogue Descriptif des Monnaies Obsidinales et de Necessité”, de autoria de Prosper Mailliet, de Bruxelas, na Bélgica.
Realmente, nesse catálogo, Prosper Mailliet relaciona, além dos valores tradicionais, 12, 6 e 3 florins de ouro, moedas de prata e até uma de cobre.
Vejamos:
“Continuation de la guerre contre les Portugais, em 1654.
4. 40 sols. Arg. Catalogue Callenfels, n°364.
5. 30 sols. Arg. Catalogue Munnicks van Cleeff, n°263.
6. 20 sols. Cuivre. Semblable au n°7, mais avec la valeur XX.Catalogue Callenfels, n° 365.
7. 12 sols. Arg. Uniface, carrée. Dans le champ, sous le nombre XII qui indique la valeur, les lettres: GWC entrelacées, Au-dessous, le millésime 1654.Van Loon, t.II, p.369. Duby, pl. XVI, n°8.
8. 10 sols. Arg. Catalogue Munnicks van Cleeff, n° 269.» (in, Catalogue Descriptif des Monnaies Obsidinales et de Necessité, Bruxelles, 1870, p. 67-68) (grifo nosso).
Em 1886, desta vez em Paris, aparece sendo leiloada a Coleção deMailliet – “Monnaies Obsidionales et de Necessité”, onde são relacionados apenas dois exemplares destas moedas, um de 6 florins de ouro e um “20 soldos de 1654 de cobre”. Este último provavelmente ele não tenha conseguido “passar” a diante.
Agora, voltando às verdadeiras, para sedimentar a autenticidade da moeda de XII stuivers, basta mencionar que somente ela aparece na literatura anterior a 1870, o que consta na monumental obra de Gerard van Lonn, “Histoire Métallique Des XVII Provinces Des Pays-Bas”, editada pela primeira vez em 1726, em holandês, e reeditada em francês, em 1732-374, como já havíamos mencionado. Todas as cinco moedas autênticas de XII possuem o mesmo cunho. Os demais valores de prata existentes são todos de origem duvidosa, quando não flagrantemente falsas, tanto pelo cunho grosseiro ou pelo valor.
Agora, voltando às verdadeiras, para sedimentar a autenticidade da moeda de XII stuivers, basta mencionar que somente ela aparece na literatura anterior a 1870, o que consta na monumental obra de Gerard van Lonn, “Histoire Métallique Des XVII Provinces Des Pays-Bas”, editada pela primeira vez em 1726, em holandês, e reeditada em francês, em 1732-374, como já havíamos mencionado. Todas as cinco moedas autênticas de XII possuem o mesmo cunho. Os demais valores de prata existentes são todos de origem duvidosa, quando não flagrantemente falsas, tanto pelo cunho grosseiro ou pelo valor.
Um bom exemplo disto é a moeda de “XXXX stuivers” do Museu Histórico Nacional (5) que insistem em apresentar como verdadeira, poderiam ao menos dizer que esta “sob análise”. Em relação a esta moeda, Kurt Proberafirma que a mesma veio da Coleção Pedro Massena e que foi vendida ao Museu em 1921, ele apresenta esta moeda na Prancha “T” – Falsificações surgidas depois de 1860.
F. A. Varnhagem em seu livro “História das Lutas com os holandeses no Brasil” publicado em Viena em 1871, não faz menção às moedas ditas da série decimal, ilustra as moedas de ouro nos valores de 3, 6 e 12 florins e o 12stuivers de 1654.
Veja a análise na íntegra: http://sterlingnumismatic.blogspot.com.br/2011/10/o-meio-circulante-no-brasil-holandes.html
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