Sabemos que as moedas e barras cunhadas em prata por parte dos holandeses, tinham origem no derretimento de baixelas de prata (baixelas essas de origem holandesa, inglesa e germânica) ou seja com metais traço de origem européia, esse tipo de material possui liga metálica de finesse 940 para cima. Também sabemos que algumas libras de prata reunidas pelo tesoureiro holandês na época da cunhagem de 1654, eram resultantes de peças espanholas amoedadas (macuquinas, que possuíam liga de prata 902,77).
Após inúmeros estudos também identificamos a possibilidade da exploração mineral de prata dentro do domínio holandês, perfazendo assim uma terceira origem para a prata que viria a ser amoedada - a prata de jazida mineral.
Apresentamos aqui alguns elementos que podem indicar a existência destas minas.
1º elemento: no Regimento de criação do cargo de Capitão-General do estado do Maranhão (repartição norte da colônia do Brasil, que englobava do Ceará ao Amapá) por parte dos portugueses, escrito em 23/09/1623. Há as seguintes instruções: "Informar-se do estado em que se encontra a defesa da capitania do Ceará, das relações do índios com os Portugueses e da existência de minas de prata, dando parte ao rei, através do Conselho Ultramarino".
Relato da presença holandesa na região do Ceará:
"AS MINAS DE PRATA DO SIARÁ GRANDE"
Os
neerlandeses já tinham perdido muitos dos seus assentamentos em batalhas com os
portugueses, desde agosto de 1645. A situação piorou com o passar dos anos e
com as derrotas nas batalhas dos Guararapes, em 1648 e 1649, mas apesar das
derrotas, a Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais estava decidida a levar
adiante o plano para descoberta de minério no interior do Brasil, já
cartografado pelo ex-governador da Paraíba, Herckmans, e outros exploradores
como Astetten e Schout Hoeck.
Em
1º de março de 1649, Matias Beck foi escolhido para a expedição ao Ceará, com a
desistência do chefe do Conselho de Justiça no Brasil Neerlandês.
Saindo do Recife em 20 de março de
1649, com uma frota de cinco embarcações, Matias Beck atracou no Mucuripe em 3
de abril do mesmo ano. Em 1º de abril, estes passaram o rio Jaguaribe e no dia
seguinte a frota alcançou a ponta do Iguape, onde ancoraram. Três das
embarcações seguiram para reconhecimento do local. Na manhã do dia 3 de abril,
a frota partiu para o Mucuripe, lá chegando ao meio-dia do mesmo.
A frota da expedição era composta das
seguintes embarcações: Geele Sonne, Synegael, Vlissinge, Capodello e uma
chalupa. No Geele Sonne, embarcou Matias Beck e na Vlissinge embarcaram os
índios cearenses.
Depois de contatos e negociações,
através dos índios vindo do Recife, com os índigenas locais, Matias Beck
marchou com sua tropa para o monte Marajaitiba em 6 de abril. No dia 7, foi
construída uma ponte sobre o riacho Marajaitiba, para assim alcançar a margem
esquerda do mesmo. Em 10 de abril, foram iniciadas as obras de construção do
quartel para abrigar a tropa, munições e mantimentos e o Forte Schoonenborch.
Aqui,
agilizaram-se a busca e a exploração das minas de prata sugeridas por Martim
Soares Moreno. Depois de expedições organizadas por Mathias Beck, tendo a
frente o índio "Francisco Caraya", as minas foram encontradas mas nunca deram o lucro esperado,
dessa forma, frustraram-se as expectativas de encontrar prata em Itarema.
Trecho retirado do livro de Antonil: Opulência do Brasil
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