A suposta descoberta da Botija de Rio Formoso em Pernambuco trouxe para a numismática brasileira um dilema - atestar empiricamente se as peças alí descobertas eram falsas ou verdadeiras, é nesse contexto de estudo reflexivo sobre esse tema que apresentamos aqui elementos para esse estudo, buscando dar suporte a quem queira investigar esse tema numismático.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

GWC e a invasão do Brasil


No século XVI, o desenvolvimento da economia açucareira no Brasil contou com a ativa participação holandesa na distribuição e financiamento das unidades produtivas espalhadas pelo litoral da colônia. A parceria entre Holanda e Portugal se mostrava benéfica para ambos os países, tendo em vista os expressivos lucros alcançados com a venda do produto no mercado europeu. Contudo, no início da década de 1580, uma grave crise política transformou essa situação.

Nessa época, o trono de Portugal se encontrava vago. A morte de Dom Sebastião causou uma delicada confusão por conta da inexistência de um herdeiro direto que pudesse assumir o governo lusitano. Aproveitando dessa situação, Filipe II, rei da Espanha, utilizou o fato de ser tio de Dom Sebastião para reivindicar a convergência dos dois Estados nacionais. Dessa forma, a União Ibérica tomou forma e, com isso, a participação holandesa no comércio açucareiro foi gravemente prejudicada.

Assim que assumiu o governo, Filipe II decidiu acabar com a participação dos holandeses na produção açucareira do Brasil. Tal medida foi tomada com o intuito de retaliar o recém-formado Estado holandês, que havia superado o domínio político dos espanhóis na região. Insatisfeitos com essa situação, os dirigentes e comerciantes holandeses resolveram invadir o território brasileiro para assumir de vez a lucrativa produção de açúcar.

A primeira tentativa de invasão dos holandeses aconteceu em 1624, no litoral da Bahia. Utilizando de recursos oferecidos pela Companhia das Índias Ocidentais, os holandeses chegaram a Salvador, capital da colônia, escoltados por 26 navios que carregavam cerca de 3 mil homens. No ano seguinte, apesar de uma chegada bem sucedida, os holandeses logo sucumbiram mediante a ofensiva de uma poderosa esquadra luso-espanhola.

O fracasso da primeira tentativa não foi suficiente para aplacar os interesses comerciais envolvidos naquela disputa. Utilizando de riquezas acumuladas com a prática de pilhagem na região caribenha, os holandeses organizaram uma nova tentativa de invasão ao Brasil. Dessa vez, a região de Pernambuco foi escolhida para viabilizar o projeto de ocupação dos comerciantes flamencos. Em fevereiro de 1630, setenta e sete embarcações com a bandeira da Holanda deram início a essa invasão.

Inicialmente, a população da região atingida ofereceu resistência por meio da organização de um núcleo armado no Arraial do Bom Jesus. Contudo, a partir de 1632, a obtenção de reforços oriundos do Velho Mundo e a ajuda de moradores locais – como Domingos Fernandes Calabar – ajudou a Holanda no processo de dominação do território. Até 1635, os invasores já haviam garantido o controle sob o Arraial do Bom Jesus, as capitanias da Paraíba e do Rio Grande do Norte, e a Ilha de Itamaracá.

A essa altura, as tropas lusitanas e espanholas pouco poderiam fazer para reverter o processo de ocupação do território. Nos anos seguintes, os holandeses ampliaram a quantidade de terras dominadas e conseguiram estender seu projeto colonial. Ao todo, os conquistadores empreenderiam seu projeto de dominação desde a cidade de São Luís do Maranhão até as imediações do Sergipe. Dessa forma, se iniciava o período em que a Holanda controlou uma parcela do Brasil.

Escrito por Rainer Sousa

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